Antes de ser mãe tinha um conjunto de “teorias” que achava
corretas.
Do tipo:
- Quando for mãe vou passar uns dias fora e eles ficam. Os meus
pais também faziam e eu estou aqui. É importante haver momentos a dois.
- Quando tiver filhos vou passá-los para o quarto deles
com poucos meses. Dizem que é melhor.
- blá, blá…
Tretas. Tudo tretas.
Agora que sou mãe cheguei à conclusão que tudo muda. Até a
nossa forma de pensar e de agir. Ainda recém-nascidos deixei-os ficar uma noite
fora. Estávamos cansados. Achamos que uma noite ia ser suficiente para
recarregar energias. Afinal eram apenas umas horas. Não correu bem. Mal cheguei
a casa tive uma sensação de vazio inexplicável. Comecei a chorar como uma “Madalena
arrependida”, muito provavelmente (também) devido ao cansaço acumulado. O meu
marido já os queria ir buscar. Nunca mais ficaram, mesmo depois de várias insistências.
Acho que não vai ser nada fácil voltar a deixá-los. Quanto mais ir de férias ou
de fim-de-semana sem eles. Neste dia lembrei-me das palavras do meu pai, quando
em adolescente lhe fui pedir para dormir em casa de uma amiga: “Não vais. Gosto
de dormir com os meus passarinhos no meu ninho”. Hoje estas palavras fazem
sentido.
Ainda antes de nascerem, e como a grande maioria dos pais,
já tinham o quarto pronto. As camas estavam feitas e prontas à espera do dia “D”.
Comprámos um berço mais pequeno, de fácil transporte para ficar no nosso
quarto.
No primeiro mês dormiam no mesmo berço ao meu lado ou um
comigo e o outro no berço. O pai para descansar preferia dormir na sala. Depois
começámos a perceber que era melhor cada um ter um berço, porque tinham ritmos
diferentes e um acordava o outro. Passou um a dormir ao lado do pai e o outro a
meu lado. E assim foi uns bons meses.
A realidade e que eles crescem e os berços não. A minha
estrelinha C. já estava a dormir desconfortável e a muito custo passou para o
quarto. Aos 8 meses e meio. Quando a deixei no quarto, mesmo ao lado do nosso,
tive a sensação que a estava a abandonar. Ali indefesa e sozinha. Chorei até adormecer.
Fui vezes sem conta ver se estava bem, a respirar e se estava coberta.
A estrelinha D., como se virava de noite e choramingava, optámos
por deixar ficar no nosso quarto, principalmente para não acordar a irmã. Até
que chegou o dia de o colocar na cama dele. Começou a ficar perigoso deixá-lo
no berço. Estava a ver o dia que me ia cair. Já se tentava levantar.
Passados 11 meses voltámos a dormir os dois no quarto e
sentimos que estava vazio. O pai queria ir buscar pelo menos um. Eu “armada” em
forte dizia: “não! Eles precisam habituar-se”. Não eram eles, mas nós. Voltei a
adormecer com lágrimas e com o coração apertadinho. A cada suspiro
mais profundo já estava ao alto para ver se estavam bem.
Já falei com outras mães e parece que é normal. Não estou
doente. Ufaaaa.