O que dizer sobre esta festa?
Quando era miúda adorava. Era a
única altura do ano que me deixavam andar maquilhada. Por essa razão, só gostava
de roupas que dessem para tal. Princesa, dama rica, bailarina e nada de coisas
pouco femininas. Era vê-la toda pintada durante o período das festas. De cinco
em cinco minutos ia retocar. E, preferência, a bater tacão. Já na altura tudo o
que fazia parte do mundo das mulheres me fascinava. Quando chegava a quarta-feira,
aquela a seguir ao Carnaval, não queria lavar a cara. Ou lavava só de lado, mas
depois ia retocar. Até a minha madrinha olhar para mim e me “obrigar” a lavar a
cara. Ainda hoje me goza por isso. E ainda hoje me lembro da tristeza que sentia.
A minha mãe deixava passar tudo e até achava piada.
Com o tempo deixei de ligar ao
Carnaval. Não acho piada. Quando o S. Pedro permite gosto de ir até à rua e
ver a criatividade dos outros. Gosto de ver a alegria das crianças e, de
alguns, adultos. Nada mais.
Agora acho que não devíamos copiar
o que não é nosso. Não devíamos imitar o Brasil, como muitas localidades fazem.
Não temos clima para isso, nem temos o samba no pé. Vivam o Carnaval à
Portuguesa. É muito mais divertido, mais criativo e mais nosso.
O Brasil é o Brasil. Nós somos
nós.