sexta-feira, 20 de julho de 2018

O marido/pai ajuda?


*imagem retirada da Internet

Cá está uma pergunta muito frequente, principalmente vinda de pessoas mais velhas.

A minha resposta é sempre a mesma:
-  “Não! O marido/pai não me ajuda!”.

Nem dou muito tempo para se iniciar grandes teorias. Acabo logo por concluir:

- “O marido/pai desempenha maravilhosamente bem as suas funções. Não é ajuda. É uma partilha de tarefas diárias. Somos uma espécie de equipa”. 

Depois ou a conversa acaba com o politicamente correto ou, dependendo da pessoa, acabo por exemplificar e alargar o tema.

A verdade é que nunca concordei quando ouço algumas mulheres dizerem orgulhosamente:
“Ai, o meu marido/namorado ajuda-me muito!”. Ajuda? Eu cá acho que faz parte da "obrigação" dele! 


Ouvir de outras gerações: “ai o meu marido nunca me ajudou. Nem uma fralda mudou ao filho/a”, não me espanta. A mentalidade e os hábitos eram outros. Muitas mulheres viviam para a família e encaravam como o trabalho delas. Não as condeno e até tenho admiração. 

O meu pai sempre disse orgulhoso que partilhava as tarefas com a minha mãe e tratava dos filhos, assim como diz com alguma tristeza que a mudança de vida/profissional não permitiu que fizesse o mesmo por mim.

Atualmente, infelizmente, ainda ouvimos muitas mulheres a lamentar o excesso de trabalho por falta de partilha de tarefas. Lamento que vem de mulheres com uma vida profissional ativa, responsabilidades e horários a cumprir. Aqui já me custa mais aceitar. Elas próprias dão como desculpa "ele não estava habituado" ou "não sabe fazer" ou "faz sempre tudo mal". Tudo vai de um princípio e de uma habituação. O meu marido também não vinha habituado. Nunca precisei de me impor ou de me chatear, ele percebeu que era fundamental haver divisão de tarefas e ajuda mútua. 

Por outro lado, não é mentira que sempre tive algum receio do dia em que viesse a ser pai. Nunca foi muito ligado a crianças e então bebés fazia-lhe alguma confusão. Cheguei a temer e a pensar que ia estar tramada, principalmente quando soube que eram gémeos. Chegaram a dizer-me "Não te preocupes. Quando nascer os dele é diferente". 

Foi verdade. Com as nossas estrelinhas nasceu um novo homem. O homem pai. Tem sido uma surpresa diária. Foi ele que tratou deles nos primeiros dias, enquanto eu estava na cama sem me levantar. Ouviu atentamente as explicações das enfermeiras e mudou a sua primeira fralda na vida, deu o seu primeiro biberão e tratou pela primeira vez não de um, mas dois recém-nascidos. Hoje até a voz lhe treme de orgulho quando relembra o medo desses dias. Lá no fundo, nem ele pensou ser capaz. Tem sido uma "aventura" e uma aprendizagem constante para ambos. 

Temos atividades profissionais com excesso de carga horária e de trabalho. Não sei se estou certa ou errada. Sei que esta equipa tem desempenhado bem as suas funções e só assim tem conseguido superar os desafios do dia-a-dia.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

C´est la vie # A Escola Primária




Há dias que a nostalgia aperta a alma.

Passar pela nossa escola primária fechada é levar um soco no estômago.
Ali, atrás daqueles muros, na época ainda sem gradeamento, fomos tão felizes. 
Quando passo pela escola primária ainda consigo ouvir as nossas gargalhada, o barulho da nossa corda a bater no chão e a bola dos rapazes a bater na parede da vizinha. Ainda consigo ver a nossa macaca feita a giz no pátio ou com um pau na terra batida.

Ali, atrás daqueles muros, estava um mundo por descobrir, muitos sonhos por viver e muito caminho para andar. O tempo era interminável, os dias teimavam a durar.

Passar pela escola primária fechada é lembrar a exigência da professora Preciosa, do medo / respeito que lhe tínhamos, dos seus lábios sempre pintados de vermelho e da forma como os retocava sempre que bebia. É lembrar a nossa cantoria sempre que nos pedia para dizer a tabuada. É fechar os olhos e ver-nos encostados à parede à espera do nosso pacote de leitinho.

Passar pela escola primária fechada é lembra-me que tive uma infância feliz. É saber que fui uma criança na essência da palavra.

Hoje sinto que o tempo nos foge das mãos e peço que pare. Que a minha memória me deixe guardar o sorriso das minhas estrelinhas e os momentos felizes que me têm dado.