Há dias que a nostalgia aperta a alma.
Passar pela nossa escola primária fechada é levar um soco no
estômago.
Ali, atrás daqueles muros, na época ainda sem gradeamento,
fomos tão felizes.
Quando passo pela escola primária ainda consigo ouvir as
nossas gargalhada, o barulho da nossa corda a bater no chão e a bola dos
rapazes a bater na parede da vizinha. Ainda consigo ver a nossa macaca feita a
giz no pátio ou com um pau na terra batida.
Ali, atrás daqueles muros, estava um mundo por descobrir,
muitos sonhos por viver e muito caminho para andar. O tempo era interminável,
os dias teimavam a durar.
Passar pela escola primária fechada é lembrar a exigência da professora Preciosa, do medo / respeito que lhe tínhamos, dos seus lábios sempre pintados de vermelho e da forma como os retocava sempre que bebia. É lembrar a nossa cantoria sempre que nos pedia para dizer a tabuada. É fechar os olhos e ver-nos encostados à parede à espera do nosso pacote de leitinho.
Passar pela escola primária fechada é lembra-me que tive uma
infância feliz. É saber que fui uma criança na essência da palavra.
Hoje sinto que o tempo nos foge das mãos e peço que pare. Que
a minha memória me deixe guardar o sorriso das minhas estrelinhas e os momentos
felizes que me têm dado.
Sem comentários:
Enviar um comentário